domingo, 20 de fevereiro de 2011

Robôs humanos

O certo agora é bloquear. A modinha que começou há alguns anos atrás, está a todo vapor, e crescendo ferozmente, sem medo. Medo? Ninguém hoje em dia tem medo, receio, insegurança.. não, insegurança jamais. Acho que isso já virou pecado. O friozinho na barriga sumiu, a ansiedade desapareceu e a conquista, vixe, que brega...! A moral de uma sociedade individualista, que cada vez mais cultua o ser como um indivíduo que se basta, seguro de si, autoafirmativo e pouco sensível a áreas que não trazem sucesso e dinheiro, transformou, pouco a pouco, o pensamento, e, mais especificadamente, o comportamento humano.
O que quero dizer, mais claramente, é que hoje em dia não há espaço para o "lenga-lenga" do prazer de conhecer alguém, da descoberta do outro eu, daquele que te interessa saber os detalhes, as manias, as tragédias e alegrias. O que importa é .. enfim, nada. Nada importa. O objetivo é beijar, transar. Não serei hipócrita em afirmar que este objetivo sempre existiu, mas o caminho até ele mudou bastante. Hoje, ninguém quer mais se relacionar com ninguém. O amor romântico, o beijo apaixonado, a vontade de ver, aqueles sentimentos bonitos que vão aparecendo aos poucos, enquanto se está despercebido, conhecendo uma pessoa, não existem mais. e não existem, porque a gente já beija bloqueando, já beija achando que ninguém quer nada, já beija desacreditando, já beija por beijar. Máquinas de prazer, que não fazem a mínima questão de trocar outras experiências, de fazer aquilo, por mais que dure alguns minutos, especial.
Eu não sou desse mundo de robôs felizes, lindos, bem sucedidos e indiferentes a tudo, ligados no consumo e na divulgação de uma imagem distorcida.
Podem me crucificar, mas eu sou verdadeira. Não vou me esconder, me bloquear, enganar.
Cada momento é único e suas sensações também. E por nada no mundo, deixarei de viver isso.

Nenhum comentário: