Contradição

Vivemos a contradição, diria.

Dentro de cada um, lá no fundo, existem tantas idéias, que, de vez em quando, convergem a um ponto, embora, na maioria das vezes, aconteça o contrário. Quem nunca desejou algo e quando teve se deu conta de que não queria tanto? Quem nunca se surpreendeu com alguma frase dita em um impulso, nova, capaz de suscitar novas reflexões.
Temos mania em afirmar. Enchemos a boca para afirmar com jeito de realeza, coisas que nunca paramos realmente para pensar. E isso - pasmem- acontece com muito mais frequência quando estamos falando de nós mesmos.
Logo nós, que devíamos ser as pessoas que mais sabem de si. Logo nós, que ficamos tão chateados quando alguém opina sobre como somos.
"Como podem ter essa impressão de mim?" "Como podem achar que sabem mais de mim do que eu? "
"Ninguém sabe.'
Esse pensamento pequeno nos leva a cometer tantos erros e diminui nossas chances de acertar. Com a gente e com o próximo.
Tem até gente que faz terapia, mas que não considera uma palavra do que é dita pelo terapeuta.
As pessoas tendem a pensar igual. O ambiente em que elas crescem, as amizades, a escola, tudo contribui para que os pensamentos convirjam em blocos de pré-pensamentos. Estes se constituem em pequenos "dogmas" formados sem a menos reflexão individual, e são aderidos inconscientemente pela maioria das pessoas.
Paremos para pensar de verdade. Paremos para pensar no que a gente lê. No que a gente escreve. Nas frases que a gente anda dizendo por aí.
Poucas pessoas conhecem o poder da palavra, o poder de evitar sofrimento, de trazer alegrias, de divertir que só ela possui.
Vamos parar de usar sempre as mesmas palavras para as mesmas pessoas.
Vamos tentar nos entender, para entender o outro. Como ele funciona? O que o ofende?
Porque sempre achamos que o que não nos incomoda, não incomodará o outro? Ora, somos diferentes, temos que aceitar, ou melhor, saber lidar.
A contradição que carregamos dificulta muito as relações sociais, mas só existe porque somos sedentários quanto a reflexão interior, principalmente.
Vamos exercer esse poder maior que é o pensamento, mas no sentido de nos descobrir, de entender porque temos as mesmas atitudes sempre, aquelas que já percebemos que machucam os outros, ou que, não nos convém. A maior mudança, tem que sempre começar em si.
É o que pretendo fazer em 2010.